domingo, 16 de fevereiro de 2014

Táxis


Há aproximadamente dez anos conversei com um motorista de táxi enquanto me deslocava a trabalho, leigo e curioso sobre o assunto perguntei o que era necessário para ter um táxi, 
ele me explicou que não era o proprietário e que apenas trabalhava no táxi, seu patrão tinha outros 3 táxis um no nome da sogra, outro do pai e um dele, pois a prefeitura não permitia mais de um táxi por proprietário, sobre a obtenção de um táxi me disse que a prefeitura liberava as “Placas“ porem não vinha fazendo isso a algum tempo, mas me disse que era possível “comprar” uma placa de um táxi já licenciado, perguntei quanto e fiquei sabendo que era muito caro o preço equivalente a um apartamento de 3 quartos em um bom bairro da capital.
Fiquei me perguntando por que era tão caro ter um táxi e por que era tão caro andar de táxi, pois eu  utilizada apenas como último recurso ou quando pago pela empresa, a resposta não veio na mesma hora e fiquei a pensar.
                O preço pago por uma “placa” subiu até mais do que os imóveis nos últimos, e isso só acontece por um motivo: Falta de concorrência, pois ao limitar o número de táxis nas ruas a prefeitura acaba por inflacionar o mercado, onde  os mais espertos com apenas 3 táxis em bons pontos da capital acabam por ter um patrimônio de mais de um milhão, ao olhar para o representa esse patrimônio enxergamos 3 carros populares já com alguns anos de uso, quase sempre “hath” com parte do escasso porta-malas preenchido por cilindros de gás, guiados por pessoas despreparadas e mal apresentas.
                Pegar um táxi com ar condicionado é um luxo, porque mesmo os que dispõe desse recurso não ligam, sentir cheiro de cigarro é situação normal, pra não falar do comportamento de alguns taxistas nas ruas desrespeitando semáforos retornos, preferenciais e outras regras.
                Todos os anos convivemos com o aumento no valor das tarifas de táxi que geralmente subiram para acompanhar o valor do ônibus (?), certo vamos dizer então que subiu porque a gasolina subiu, não vi um único proprietário de táxi se posicionar contra o aumento, ou oferecer desconto, pois não utiliza mais gasolina e sim GNV. A possibilidade de pagar com cartão de crédito ainda é uma novidade vista como uma evolução, é pena que essa evolução só está ocorrendo porque não dá mais para segurar, pois ninguém mais anda com dinheiro, a alguns anos até os pequenos negócios com entrega em residência por motoboy já aceitam cartões de crédito e débito para pagamento, onde está a evolução. A dificuldade de implantar esse meio de pagamento nos táxis passa também pela sonegação, pois poucos são os proprietários de táxi que declara os seu ganhos.

                Se a prefeitura permitisse que qualquer e digo qualquer cidadão que preencha os requisitos para ter um táxi recebesse uma licença para ter um, possivelmente teríamos no início uma grande quantidade de aventureiros, mas é de se esperar que com o passar de tempo teríamos uma frota de táxis do tamanho que a cidade precisa, com carros em melhores condições e maior qualificação, pois o mercado se regularia  e jogaria para fora os inaptos para a profissão. Tudo isso com a prefeitura regulando apenas a qualidade dos veículos e impedindo a formação de cartéis.



A ilusão do passe livre

Aos desapercebidos de plantão ou para os mais ocupados que no momento só conseguem ver alguns dias a frente dedico essa minha reflexão sobre esse tema que parece tão simples, porem por traz há coisas que não são percebidas a primeira vista.
A ideia de ter a passagem gratuita para trabalhadores, desempregados (Todo mundo?) estudantes e afins é sedutora, pois quem não quer reduzir o seu custo de vida? Pois a minha opinião é que deveríamos brigar por ter como pagar a passagem,  e deixar a briga apenas para o valor da passagem. Por que? Porque quando pagamos sabemos que o dinheiro entregue no ônibus vai para o pagamento do ônibus, ao aceitar a passagem de “graça” passaremos a pagar indiretamente por meio de impostos, e sabemos como o governo cuida do dinheiro dos impostos no Brasil. Também é sabido que o governo sempre paga mais caro por serviços de pior qualidade.
Nas cidades onde há transporte escolar gratuito, por regra o serviço e de má qualidade e não faltam programas de TV que nos lembrem disso, se as pessoas tivessem como pagar o transporte para seus filhos certamente haveria melhor qualidade, pois quem paga pode e deve reclamar.
Só para não perder o trem (ou seria o ônibus) da conversa minha opinião se estende ao vale transporte, por que? Porque quando o governo deixa para o empregador pagar a passagem pelo funcionário ele tira do trabalhador essa preocupação, porem junto com a preocupação ele tira o poder e o desejo de reclamar. Na maior parte das capitais do Brasil a passagem sobe todos os anos e as explicações são as mais diversas indo do aumento do óleo até o aumento dos custos da empresa, pergunto se houvesse concorrência verdadeiramente livre onde mais de uma empresa realizasse o  transporte, com o governo apenas controlando as regras e inibindo cartéis, qual seria o preço da passagem e qual seria a qualidade do transporte?
                Talvez a solução de livre concorrência seja apenas uma experiência e como toda a experiência pode falhar dando resultados diferentes daqueles esperados, mas merecemos tentar coisas novas visto que as antigas não funcionaram como esperado.